A Menina (IM)Perfeita

Hoje entrei no comboio e depois de me sentar, tomei atenção num senhor que estava ao telemóvel. Visto estar tão perto do senhor e o senhor não falar propriamente baixo, consegui ouvir certas partes da conversa.

Ele: Não chores que eu não te estou a fazer mal nenhum!

Pessoa (ouvia-se a chorar)

Ele: Não chores. Manda-me a fotografia que eu fico à espera.

(...)

Ele: Não chores que eu não te estou a fazer mal nenhum! Manda-me a foto que eu fico à espera.

(...)

Ele: Então não sei a que horas estou em Coimbra. Espero por ti cá em baixo. Vamos comer qualquer coisa. E eu vou para minha casa e tu vais para tua, não é?

Se antes já tinha reparado nos seus olhos que tentavam a todo o custo conter as lágrimas, desta vez prestei mais atenção e pude ver que esta conversa não era fácil para ele. Se antes tinha pensado de que se tratava de uma conversa engtre pai e filho (a), naquele momento tive a certeza de que conversava com uma pessoa de quem gostava.

Eu mais uma senhora trocámos olhares e os nossos lábios contraíram-se, como se tratasse de algum automatismo nestas situações.

Uns segundos mais tarde, a conversa entre o senhor e a pessoa continua com ele a perguntar:

Ele: E vou para minha casa e tu vais para a tua, não é?

Quem disse que as rupturas eram fáceis, não sabe do que fala. Aquele senhor tinha lágrimas nos olhos, mas estava a conter-se com todas as suas forças. Devia estar com o coração partido só de ouvir aquela pessoa a chorar...

Antes de chegarmos à paragem, a chamada terminou e eu não consegui ver mais os sentimentos daquele senhor...Suponho que a pessoa que estava do outro lado da linha continuasse a chorar, enquanto aquele senhor continuava a conter as suas lágrimas...

Cuz men don't cry, right?

No, wrong!

Bom dia :)

Não, não vou tecer comentários sobre a manifestação da CP que ocorreu ontem em algumas paragens. Só gostaria de fazer um pequeno reparo: os familiares dos trabalhadores da CP/REFER pagam parte do bilhete, não viajam gratuitamente, como vi passar na televisão.

Bom dia :)

Há três dias, numa zona perto de onde eu vivo, ocorreu um acidente ente dois comboios (nomeadamente um intercidades e um regional). Eu sou uma passageira frequente de comboios (necessito dele todos os dias da semana). Quando eu li sobre isto no facebook, quis acreditar que não passava de uma brincadeira estúpida. Mas não, era verdade.  Não queria acreditar, sei exactamente a velocidade que passa um intercidades naquele apeadeiro e só rezava para que não houvesse mortos. Aliás, o regional acabou por ser da linha que eu, própria, utilizo (mas foi algo que só descobri na manhã seguinte). A minha primeira preocupação foi saber se todas as pessoas já estavam em casa (porque eu pensava que este comboio vinha de coimbra e não, como também vim a descobrir na manhã seguinte, ia para coimbra). e sim, estavam todas bem, aliás já estavam em casa. Nessa noite, até estava a trabalhar numa tradução e nem consegui continuar. Quando estas coisas acontecem tão perto de nós, acho inevitável uma pessoa não pensar no que poderia ter acontecido, caso estivesse nessa situação. Graças a deus, não houve mortos, nem feridos graves (pelo menos são essas as informações que tenho), somente feridos ligeiros. Atrevo-me a dizer que foi um milagre só ter havido 25 feridos ligeiros. Claro que também nestas ocasiões existem engraçadinhos que adoram, sim adoram, fazerem piadas ou comentários, que na minha opinião, para além de serem inapropriados, são parvos e estúpidos.

Refiro-me a comentários deste género:

"devia era ter ido nesse comboio os da troika, psd, ps (...)"

"não percebo tanto alarido, se não existem mortos"

(retirados do facebook)

Por amor de deus, se é para fazerem esses comentários porque é que não os fazem para vocês próprios? Porque é que têm de os escrever no facebook ou noutra rede social do género?Por mais que não conheçam ninguém que estivesse naquela situação, acham mesmo que aquela situação é para brincar? Acham mesmo que foi demasiado alarido para nada? Acham mesmo que as televisões exageraram?

Antes de opinarem, vejam estas imagens. Só vos tenha a dizer, que não estive envolvida, mas estou um pouco receosa de andar num comboio. Ainda não o fiz porque a linha daquele apeadeiro ainda não está livre dos destroços dos dois comboios. Os trabalhos para retirar os destroços têm sido ininterruptos.